José Gonçalves Machado (1932-1935)

Emérito jornalista e político itatibense, José Gonçalves Machado nasceu no dia 10 de março de 1906, filho de Antônio Mário Machado e de D. Eugênia Gonçalves Machado. Fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Cel. Júlio César e depois foi para Campinas onde cursou a Escola de Contabilidade Bento Quirino onde se formou contador. Revelando desde cedo sua vocação para o jornalismo, ainda nesse período trabalhou ao lado do grande jornalista campineiro Álvaro Ribeiro. Regressando a Itatiba, trabalhou no jornal “O Progresso de Itatiba” e em companhia de Benedito da Silveira Franco Chrispim, Cel. Alfredo Vieira Arantes, Antônio Pupo Filho, Antônio Alves Lanhoso e Francisco da Silveira Leme, fundou em 1928 o Partido Democrático em Itatiba. Casou-se no dia 27 de abril de 1953 com D. Edwiges Dutra, e teve os filhos Érico e Lúcia.

Ardente defensor da democracia e das classes trabalhadoras, José Gonçalves Machado apoiou a Revolução de 1930, mas logo se desencantou com os seus rumos e passou a apoiar o movimento democrático paulista que culminou com a Revolução Constitucionalista de 1932. Por essa época, convidou amigos para formarem um batalhão de voluntários que, efetivamente, entraram em combate no setor sul do Estado, participando de batalhas em Buri, Guapiara e Capão Bonito.


Jornal Diário nacional, edição do dia 19 de julho de 1932

Foi vereador e secretário da Câmara Municipal e da Prefeitura de Itatiba de 1932 a 1935, ocasião em que substituiu o prefeito Joaquim Bueno de Campos em períodos alternados, mas sem uma especificação de datas. Por isso consideramos o seu mandato como o mesmo de Joaquim Bueno de Campos. Dentre os seus feitos, destaca-se a luta pela construção da rodovia entre Jundiaí, Itatiba e Amparo, a SP-360, atual Rodovia das Estâncias ou Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra.

Após deixar a Prefeitura, Gonçalves Machado retornou para Campinas onde foi repórter e depois redator do “Diário do Povo", e posteriormente no “Correio Popular”. Sua atuação em Campinas foi brilhante, pois inclusive ocupou o cargo de diretor da Associação Campineira de Imprensa. Transferindo-se para São Paulo, revelou-se um jornalista completo, ocupando altas funções em diversos órgãos como no “Jornal do Comércio”, “São Paulo Jornal”, “Folha da Manhã”, “A Noite”, “Diário de São Paulo” e finalmente em “O Estado de São Paulo”, onde foi redator secretário. Patriota sincero, estava sempre a serviço dos assuntos relacionados com a vida pública nacional.

Deixou diversos livros publicados dentre os quais “O Voto”, “A Revolução de 1932” e “Paisagens Humanas”, onde retratou aspectos da vida cotidiana de Itatiba. Nunca perseguiu um adversário ou inimigo nem permitiu que o fizessem os seus correligionários. Era um político elegante, qualidade esta que provinha da excelente formação de seu caráter. De um coração bondoso, sabia conquistar amigos e admiradores os quais lhe devotavam grande e sincera afeição. Na imprensa itatibense Gonçalves Machado teve duas grandes fases. Uma anterior ao Estado Novo quando o combativo jornalista exercia as funções de secretário da Prefeitura Municipal. A outra destacando-se na luta contra um grupo de vereadores que pretendia modificar o nome da Av. Marechal Deodoro. Em ambas foi vitorioso, revelando-se um profissional de rara capacidade. Colaborador de “A Tribuna”, muitos dos seus artigos eram assinados com o pseudônimo de José Gonçalo.

No dia 11 de novembro de 1956, ao receber um grupo de políticos do antigo Partido Socialista Brasileiro, partido aliás de que fazia parte e pelo qual concorreu ao cargo de Deputado Estadual em 1950, e logo após pronunciar um discurso no Bar XV de Novembro, caiu fulminado por uma síncope.


Antiga formação do Tiro de Guerra de Itatiba em 1935. O então prefeito José Gonçalves está na primeira fileira, sentado, sendo o quinto da esquerda para direita. (Acervo: Foto Parodi)