José Maurício de Camargo (1983-1986 e 1988)

José Maurício de Camargo nasceu em Itatiba no dia 8 de fevereiro de 1926, filho de José Franco de Camargo e de D. Maria Elias de Godoy Camargo (Dona Lica), de quem herdou o caráter de pessoa extremamente destemida e determinada. Eram suas irmãs Yolanda, Zilda, Aparecida e Benedita. Foi casado com Eunice de Lourdes Mancin de Camargo, sendo seus filhos José Wilson, Solange, Luís Gustavo, Maurício e José Gonçalves. De origem humilde, seus pais sempre foram trabalhadores e dedicados às causas dos menos favorecidos, fato este que inspirou sua vocação política. Na juventude atuou como auxiliar de padaria, boiadeiro, açougueiro e posteriormente atuou no ramo imobiliário, lançando vários empreendimentos locais, hoje bairros da cidade, a exemplo do Jardim Nice, assim denominado em homenagem à sua esposa D. Eunice, e o Jardim do Leste, entre outros.

José Maurício de Camargo iniciou sua trajetória política nas eleições de 1959, quando concorreu a uma vaga de vereador pelo PDC. Em 1963, época em que as eleições para prefeito e vice-prefeito eram separadas, concorreu ao cargo de vice a convite de Erasmo Chrispim que reconhecia sua capacidade e personalidade. Sagrando-se vencedor, permaneceu como vice de Erasmo Chrispim de 1964 a 1968 e teve a oportunidade de assumir algumas vezes por licença do prefeito. Em 1966, por exemplo, assumiu interinamente e realizou algumas obras que subsistem até hoje como as pontes da Rua Monsenhor Kohly e Avenida Expedicionários Brasileiros; realizou a primeira retificação e o desassoreamento do ribeirão Jacaré; iniciou a construção da escola “Chico Peroba”; instalou escolas rurais, como a do “Morro Azul” e a dos “Cocais”; ampliou a rede de água e esgotos; e adquiriu os primeiros caminhões de lixo para coleta domiciliar.

Diante de uma crise nacional de desabastecimento, adquiriu açúcar e farinha de trigo para distribuir à população carente e também foi pioneiro ao determinar a distribuição de cestas básicas a centenas de cidadãos que haviam perdido seus empregos.

Nas eleições de 1968 candidatou-se a prefeito pela ARENA-1, mas não se elegeu por uma diferença de 92 votos. O mesmo ocorreria em 1972 quando novamente candidato agora pela ARENA-2, ficou em segundo lugar por uma diferença ainda menor: apenas 70 votos. Mas, o que poderia ser a causa de uma certa frustração, não o foi para Maurício, que percebeu o quanto a votação expressiva consagrava sua popularidade. Por isso jamais abandonou a vida pública e em 1978 disputou pelo MDB as eleições para deputado estadual, ocasião em que obteve consideráveis 15.330 votos, um recorde para a época, permanecendo como suplente.

Finalmente nas eleições de 1982, concorrendo pelo PMDB e tendo José Benedito Franco Penteado como vice, Maurício obteve uma vitória histórica com 8.806 votos, e uma diferença de 3.662 votos em relação ao segundo colocado. Tomou posse no dia 1º de fevereiro de 1983 para um mandato de seis anos, ou até 1988.

Fiel aos seus princípios de trabalhar e defender os menos favorecidos, logo em seu primeiro ano de mandato criou o Departamento de Saúde e Promoção Social e desapropriou o prédio da antiga Fábrica de Fósforos Scavone para ali instalar o mercado municipal e outras repartições da prefeitura. Quase que de imediato demoliu uma das alas do edifício para abrir a avenida marginal, hoje Av. Nair Soares de Macedo Fattori, cujas obras tiveram início em 1984. Ao mesmo tempo, deu início à reurbanização do Jardim De Lucca, até então uma área de várzea, realizando a sua interligação com a Rua Jundiaí.

Em novembro de 1984, e com menos de dois anos de mandato, promoveu uma série de inaugurações como a completa reurbanização da Av. Marechal Castelo Branco, a principal entrada da cidade, o Conjunto Residencial Abramo Delforno – Nosso Teto e o Mercado Municipal Maria Elias de Godoy Camargo – Dona Lica, em homenagem à sua mãe. Promoveu a transferência da Biblioteca Chico Leme para as instalações anexas ao Mercado Municipal, deu início ao projeto de reurbanização da Praça José Bonifácio – Jardim da Cadeia e desapropriou o terreno para a construção da nova sede do Tiro de Guerra. Tais feitos chamaram a atenção da grande imprensa como o jornal “O Estado de São Paulo” que publicou em sua edição do dia 1º de novembro de 1984 uma ampla matéria a respeito:

Não restam dúvidas de que as obras eram de envergadura e que atendiam especialmente às classes populares como era a intenção do prefeito. Dentre elas, a que mais marcou foi justamente a do Mercado Municipal D. Lica, que recebeu muitos elogios, inclusive dos partidos que faziam oposição ao prefeito.


Na imagem acima o prefeito José Maurício de Camargo na Rua Francisco Glicério com sua mãe D. Maria Elias de Godoy Camargo, mais conhecida como D. Lica. Acervo da família. Abaixo a fachada do Mercado Municipal D. Lica inaugurado em 1984. (Acervo Edson Foto)

Em 1985 trabalhou intensamente para a reintegração do Parque Ferraz Costa aos domínios da Prefeitura, uma vez que anos antes parte dele havia sido cedido para a USF. Naquele parque ele planejou a instalação do “Centro de Lazer do Trabalhador” composto por piscinas públicas (posteriormente aterradas), amplo prédio para uma lanchonete (hoje sede da Guarda Municipal), além de área com diversas churrasqueiras para piqueniques. Todas essas obras foram inauguradas em 1988. Mas, relegado ao abandono, e por falta de manutenção, este centro de lazer sofreu com a degradação e deixou de existir, a exemplo das piscinas que foram aterradas e depois transformadas em quadras esportivas.

Maurício de Camargo deixava claro em seus atos a sua atenção para com os mais menos favorecidos e especialmente com relação às crianças. Em 1985, por exemplo, numa época em que não haviam leis de proteção e o trabalho de menores ocorria amiúde, preocupou-se com os engraxates e tentou dar-lhes algum amparo através da criação de uma entidade ou associação com a participação do recém-criado Departamento de Saúde e Promoção Social e também do Juizado de Menores da cidade.

Em 1986 novas inaugurações ocorreram nos festejos pelo aniversário da cidade, entre as quais a estação rodoviária, a nova sede do Tiro de Guerra, asfalto no N. R. Abramo Delforno “Nosso Teto”, além de três escolas e uma creche. Além disso, como demonstra parte de uma reportagem também publicada no jornal “O Estado de São Paulo” no dia 1º de novembro de 1986, estavam em construção a sede do Departamento de Promoção Social com a instalação de uma cozinha industrial com capacidade para o fornecimento de até 20 mil refeições diariamente. Vale destacar que com esse projeto o prefeito Maurício de Camargo antecipava em muitos anos a existência de restaurantes populares. Infelizmente, porém, este projeto não foi efetivado, sendo este prédio utilizado depois como sede do SUS, tendo em continuidade a sede do Tiro de Guerra. Foi o primeiro prefeito a instalar creches e postos de saúde em todos os bairros da cidade. Neste mesmo ano de 1986 foi instalado o Posto da Secretaria do Trabalho e também a sede da 2ª Cia. da Polícia Militar.

Não obstante essa extensa folha de serviços prestados à cidade, José Maurício de Camargo sofria forte oposição na Câmara Municipal. E de tal forma que contra ele foi aberto um processo que levou ao seu afastamento no dia 10 de dezembro de 1986. Sem nunca ter de deixado lutar pela sua reintegração, reassumiu após 14 meses, no dia 24 de fevereiro de 1988, por decisão unânime da 7ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Neste seu último ano de mandato, deu continuidade à reurbanização do Jardim De Lucca, criou as escolinhas de esportes no SETUR (Setor de Esportes e Turismo), inaugurou cinco postos de saúde nos seguintes bairros: Tapera Grande, Jardim Harmonia, Vila Cruzeiro, Santa Cruz e San Francisco, além da Escola Municipal no Jardim Salessi e o Centro de Lazer do Trabalhador no Parque Ferraz Costa.

José Maurício de Camargo faleceu no dia 27 de julho de 1996, aos 70 anos de idade.